quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A trajetória de Fátima Bernardes

fátima bernardes (Foto: TV Globo)A jornalista Fátima Bernardes
Ainda pequena, Fátima decidiu: queria ser jornalista ou bailarina. Estudou balé por 17 anos, chegou a dar aula para crianças, mas percebeu que não seria sua profissão e decidiu abraçar a notícia.
Carioca, filha de um sub-oficial da Aeronáutica e de uma dona-de-casa, formou-se na Escola de Comunicação da UFRJ. “Eu vim de uma família muito simples, sem formação universitária, onde eu fui a primeira pessoa a ter essa formação", contou ao Memória Globo.
Fátima começou a trabalhar como jornalista no jornal de bairros de "O Globo", em 1985. No ano seguinte, frequentou o curso de telejornalismo na TV Globo, no Rio, e foi chamada para um trabalho temporário na emissora. Contratada em março de 1987, a jovem de cabelos volumosos fazia reportagens locais e foi escalada para apresentar o RJTV 3º edição, que, na época, era exibido após o Jornal da Globo.
Aos poucos, Fátima Bernardes começou a fazer reportagens para os telejornais transmitidos para todo o país. Era o início de um longo e carinhoso relacionamento com milhões de brasileiros.
Em 1989, a jornalista foi convidada para apresentar o Jornal da Globo, ao lado de Eliakim Araújo – substituído pouco depois por William Bonner, com quem Fátima viria a se casar. De 1991 para 1992, cortou os cabelos – e passou a ter aparência acompanhada de perto por todas as mulheres do Brasil. Na virada do ano, encantou o público,sapateando na campanha de fim de ano da TV Globo. Era o “Tente, invente, faça um 92 diferente”.Em fevereiro de 1988, durante uma enchente no Rio de Janeiro, a jornalista fez sua primeira entrada ao vivo no Jornal Nacional. Testemunhou o caso de uma mãe, presa na chuva, quando ia para o casamento da filha. “Sempre adorei trabalhar ao vivo. Desde que descobri, no curso, que se eu falasse sem ter que decorar falaria normalmente, eu me tranquilizei”, disse ao Memória Globo.

Com vocação para reportagem de rua, um jeito simples e direto de contar a notícia, Fátima começou a cobrir todos os assuntos: o naufrágio do Bateau Mouche, no Rio, rebeliões, sequestro, greves, carnaval, passando a contribuir para vários telejornais.
E o novo ano acabou sendo importante para a carreira da repórter: cobriu a Rio 92, conferência da ONU sobre meio ambiente, realizada no Brasil, e as Olimpíadas de Barcelona, quando acompanhou a medalha de prata do nadador Gustavo Borges e o ouro da seleção masculina de vôlei. Também enfrentou e mostrou os danos do furacão Andrew, no sudeste dos Estados Unidos. A participação de destaque em grandes coberturas se repetiria com frequência na vida da jornalista.
No finzinho de 1992, Fátima foi convidada a apresentar o Fantástico, onde ficou até 1995. Nesse período, fez entrevistas com políticos e artistas, como Fernando Henrique Cardoso, Xuxa e Roberto Carlos, e muitas reportagens especiais. Era "a Fátima do Fantástico", que aparecia em até seis lugares,com roupas diferentes, numa mesma reportagem. Em 1994, narrou o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e acompanhou de perto a conquista do tetracampeonato mundial da seleção de futebol. Era "a Fátima pé-quente”.
Dois anos depois, assumiu o cargo de editora-chefe do Jornal Hoje. Levou comentaristas para o jornal, como Miriam Leitão (economia) e Regina Martelli (moda).
Em 1997, retornou ao horário nobre: uma rápida passagem pelo Fantástico, quando ficou grávida dos trigêmeos. A gravidez foi acompanhada pelos telespectadores. Em 21 de outubro daquele ano, nasciam Laura, Beatriz e Vinícius. Fátima ficou sete meses fora do ar.
Na volta, apresentou três edições do Fantástico até que, em março de 1998, chegou à bancada do Jornal Nacional, no lugar de Lilian Witte Fibe, ao lado de William Bonner. Como editora-executiva do JN, apresentadora e repórter, acompanhou de perto fatos marcantes.
Na cobertura da copa do mundo, em 2002, apresentou o Jornal Nacional ao vivo da Coreia do Sul e do Japão, longe do estúdio – na porta de hotéis, de ônibus, até de aeroporto. Uma inovação homenageada pelos próprios jogadores, que a elegeram “musa da seleção”.
No mesmo ano, na cobertura das eleições, um fato inédito: entrevistou no estúdio, com William Bonner, os principais candidatos à presidência do Brasil – era a primeira vez que um telejornal brasileiro entrevistava ao vivo , na bancada, os candidatos; antes, as entrevistas eram feitas, pelas emissoras, em programas especiais, em horários mais tardios. Entrevistas assim também seriam feitas por Fátima e Bonner nas eleições de 2006 e 2010.
No ano de 2004, uma participação especial no Globo Repórter: uma entrevista com Dona Neyde Senna da Silva, mãe de Ayrton Senna.
Em 24 anos de TV Globo, Fátima Bernardes cobriu eleições nos Estados Unidos e no Brasil, visitas de papas. Entrevistou atletas, artistas, políticos, gente do povo. Fátima viu de perto alegrias e tragédias. Levou aos brasileiros os depoimentos emocionantes da mãe do menino João Hélio, no Rio; da menina Laura Beatriz, em Niterói. Agora, aos 49 anos, pretende seguir novo rumo.
 
Jack Guimarães 

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