domingo, 20 de março de 2011

O surreal puxão de orelhas de Fátima Bernardes…



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Fátima Bernardes é responsável pela superlotação de mulheres nas faculdades de jornalismo.
Todas querem ser Fátima Bernardes.
Bonita, inteligente, versátil e feminina.
Trabalha ao lado do marido competente e bonitão.
Fala para milhões de pessoas no horário nobre.
Viaja o mundo fazendo grandes coberturas.
E nessa sua peregrinação, a Copa do Mundo se tornou obrigatória.
Ainda por ser vascaína, entende de verdade de futebol.
Desde a campanha vitóriosa de 2002, com Felipão, no Japão, ela está nas Copas do Mundo.
Ela acabou se tornando personagem, sem querer, da conquista do pentacampeonato.
A liberdade que a TV Globo tinha com aquela seleção era impressionante.
Exclusivas no lobby do hotel.
Jogadores visitando estúdio.
Com espaço à vontade, Fátima pôde mostrar sua competência como repórter.
O clima era de alegria, com as vitórias, com o tapete vermelho que foi estendido para a Globo
Para a primeira dama do jornalismo.
Luiz Felipe teve até uma atitude paternalista em relação à ela, tratava com o carinho dedicado a uma filha.
A relação de Fátima com a seleção fazia bem para quem acompanhava tudo pela TV.
Bailarina de formação clássica, ela se deixou empolgar e no estúdio da emissora no Japão, dançou e encantou o Brasil.
"Dei uns passinhos no estúdio, de brincadeira, com o Galvão e os meus colegas jornalistas, não no ônibus da seleção.
Nunca faria isso com jogadores.
Não me exporia tanto, como você escreveu no seu blog, Cosme."
Tomei a elegante bronca de Fátima Bernardes no lobby do hotel da seleção brasileira, aqui em Johannesburgo.
Repassei a bronca para quem me informou sobre o samba no ônibus em 2002.
Eu estava também no Japão e acreditei no que ouvi.
Peço desculpas a Fátima Bernardes.
Ela não sambou.
Só teve o privilégio imenso de estar no ônibus comemorando a conquista do pentacampeonato.
Privilégio inacreditável.
Espaço que a emissora carioca sempre teve.
Mesmo sem samba, a cena parece fantasiosa, nos tempos de Dunga.
Depois do justo puxão de orelhas, conversamos por 20 minutos.
E ficou claro para mim o que oito anos fizeram com a seleção brasileira.
Queira ou não, Fátima é a encarnação da TV Globo na Copa.
Percebi que ele não está nas coletivas, na zona mista, se afastou.
Não luta para fazer apenas uma pergunta entre os centenas de repórteres que participam das coletivas.
Dunga acabou com a liberdade, com os privilégios da emissora brasileira que comprou os direitos da Copa.
Não há como a apresentadora ter o papel significativo que teve em 2002.
E para piorar: sem notícias, lendas urbanas foram criadas em relação à Fátima.
"Como a internet virou terra de ninguém, histórias absurdas.
Escreveram que eu e o Tino Marcos fomos até a concentração exigir entrevistas exclusivas.
Tínhamos uma carta do Ricardo Teixeira nos autorizando.
E que o Dunga teria ido até o portão da concentração e rasgado a carta.
Uma bobagem imensa.
Essa mentira se espalhou.
Não aconteceu nada disso.
Depois disseram que eu já estaria até de volta no Brasil.
Eu estou lá e você está falando com um fantasma...
Fui cobrar e quem escreveu essa fantasia disse que no dia não tinha assistido à televisão...
Não disseram também que o Alex Escobar tinha saido da cobertura depois do problema com o Dunga?
Ele está todo dia no Bom Dia, Brasil.
Todos os dias...
Esses boatos são insuportáveis.
Vim para a África para trabalhar com dignidade como sempre fiz.
É será o que farei até o final, estando a seleção fechada, aberta para entrevistas, não importa.
E que fique claro que eu nunca pedi para ter privilégio."
É verdade.
A facilidade para a Globo sempre foi oferecida.
A revolta de Fátima Bernardes é justa, significativa.
Demonstra o final de um tempo mais alegre, de maior amizade, proximidade.
Mas também de privilégios.
A CBF sempre foi mais aberta à TV Globo.
E Fátima podia mostrar seu talento.
Hoje, não.
Todos sentiram o forte golpe do confinamento imposto à seleção por Dunga.
A dor é democrática.
Porém a falta de acesso não justifica mentiras.
Fui o primeiro a entrevistar Fátima em 2002.
Em 2006, ela fez questão de falar outra vez comigo.
Mesmo com Galvão Bueno passando por perto e avisando, em tom de brincadeira, que eu era 'perigoso'.
Fátima respondeu direta: "Confio nele".
A entrevista saiu com o destaque merecido e não houve problema algum.
Minhas orelhas agora ardem pelo justo puxão, Fátima.
Mas o orgulho continua por ter você como leitora...

* A matéria é meio antiga, mas acho q vale!

Sylvia_Souza

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